Já virou hábito nacional, senão cultura, sempre depender de dinheiro público para se fazer quase tudo numa cidade, por mais simples que seja sua execução. Seja para fazer uma faxina numa rua ou um bairro, para podar algumas árvores ou plantas, lavar uma calçada, desentupir o leito de um rio, arejar a o poço que serve para se banhar, como a Cascata e Cachoeiro Cumprido, onde é comum presenciarmos centenas de pessoas no verão, capinar uma praça, enfim, qualquer coisa que precisa ser feito, a primeira coisa que vem na mente popular é a pergunta: "e o dinheiro público para a execução"? Diga-se de passagem, cada vez mais escassos e a cada dia voltado a obras imponentes. Nos acostumamos sermos assim e assim seremos se não houver uma interrupção brusca nesta nossa forma de procedermos. Colocamos o serviço e o dinheiro público como se ele fosse o milagroso, o oxigênio para tudo, e que sem ele nada podemos fazer ou construir, além de colocarmos a culpa em quem lhes gerencia, caso as coisas que precisamos e poderíamos nós mesmos realizar não aconteçam.
Uma forma interativa de se proceder em prol de melhoria de serviços e sem necessitar de dinheiro público, senão do seu apoio, é criar mecanismos para incentivar os moradores de uma cidade, bairro ou rua a participarem voluntária e indiretamente de uma administração. Organiza-se dentro do setor público próprio para os casos exigidos, por exemplo na secretaria de serviços urbanos o plantio de mudas de plantas ornamentais na margem da rua X, a lavagem da calçada da rua Z, a capina das margens do rio W, etc. Marca-se o dia em agenda comum, convoca-se as pessoas das comunidades diretamente interessadas ou simpáticas a referida execução, o serviço público fornece os materiais necessários, mudas, ferramentas, carro pipa, alguns funcionários públicos para reforçar o labor, outros equipamentos necessários, aceitando-se doações voluntárias, assumindo sim o serviço público a responsabilidade no apoio posterior, como por exemplo a manutenção do feito em parceria com a comunidade para que tudo não seja perdido, como por exemplo combater pragas, formigas, irrigar, adubar, etc.
Há modelos simples de se participar do progresso sem custo para os cofres públicos e de se livrar definitivamente da dependência eterna do seu dinheiro, bastando somente, não só convencer as pessoas das comunidades participarem, mas dar-lhes oportunidade para que se mantenha ativa com o rumo que planeja-se para vivermos em uma cidade melhor e sem exclusão do processo do seu progresso. Um exemplo muito bonito deste tipo de participação da comunidade no serviço público vemos no Rio de Janeiro. É comum lermos notícias que moradores do bairro Y estão fazendo um mutirão para plantarem, faxinarem, criarem, construírem, etc, algo que seja relevante e interessante para todos. Quando isso acontece, as pessoas tem mais satisfações em ver e viver o resultado, se sentem lisonjeadas por terem participado, além de ser um canal que coloca em sintonia o poder público com as pessoas da comunidade, porque elas necessitam de orientação para não passarem a vida inteira se sentindo inútil e esperando do serviço público as coisas simples e fáceis, mas que por hábito fazem da dependência do dinheiro público para tudo uma espécie de cultura popular. Dezenas de pequenas e simples coisas do dia a dia das cidades, poderiam serem efetivamente realizadas pela própria comunidade em parceria com o serviço público e sem custos. Basta articulação e incentivo neste sentido que todos se interessarão em participar e se sentirão mais felizes, não somente com a participação, mas principalmente com o resultado que o trabalho em conjunto proporciona, por mais inferior que porventura possa ser o seu resultado, porque o grande feito será o conceito valorativo que se dará às pessoas que abraçam causas desta natureza, as quais urgem serem edificadas.
Essa seria a grande e principal obra dos administradores dos serviços públicos de um modo geral, mas que ainda pouca atenção deles tem merecido. Normalmente estão voltados as grandes obras para desta forma agregarem votos, o que realmente acontece, mas somente pela impressão que as referidas construções faraônicas proporcionam, além claro, de ser a forma mais viável de se corromper e se locupletar com o dinheiro público quando se é mal intencionado com o erário.
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