Definitivamente me sinto um visionário. Dias depois que Jauber Piganton ganhou as eleições em 2004, todas as pessoas mais próximas dele foram convocados para uma reunião no terraço de sua residência. A palavra foi aberta aos presentes, oportunidade que propus o apoio da municipalidade à criação de uma cooperativa leiteira, de forma a fomentar o segmento agrícola de Ibiraçu, diante da nossa experiência nesse setor, por ter trabalhado doze anos no comércio de ração e implementos agrícola do meu pai, quando interagíamos com diretores de várias cooperativas do Espírito Santo e de outros Estados brasileiros, como por exemplo da Cooperativa de Santa Maria de Jetibá, criada à época por Valdimiro Berger, hoje com mais de quinhentos funcionários e centenas de cooperados. Nossa proposta foi rechaçada uma semana depois pelo próprio prefeito eleito Jauber Pignaton, quando comemorávamos a vitória das eleições em família no sítio Paraíso de Tarcisio Pignaton, na localidade de Córrego das Freiras, oportunidade que Jauber me chamou separado e disse: "esqueça esse negócio de cooperativa, porque isso precisa de mais de duzentos mi reais". Naquele momento foi que perdi a esperança, exatamente quando ele falou do valor, pobreza também de espírito, porque o que imaginávamos era uma coisa que agregaria cem vezes mais o valor citado por Jauber Pignaton, o qual, na verdade, arrumou uma desculpa para me afastar da sua administração como colaborador, porque cargo nunca pleitei, o que realmente conseguiu e aquela foi a penúltima reunião que participamos politicamente em Ibiraçu. A última foi quatro meses depois.
Agora, oito anos depois, estamos economicamente diante de uma das piores encruzilhadas que o município já enfrentou em toda sua história , quando aquela nossa proposta está fazendo falta. Se começarmos agora a luta pelo que propomos naquela oportunidade, da qual muitos são provas, estaremos oito anos atrasados e dentro de um quadro muito mais grave, porque outros municípios se mobilizaram para este fim e hoje são altamente competitivos nesse mercado, tanto na produção leiteira, como na fruticultura, cafeicultura, ou, floricultura, apesar de nem tudo estar perdido.
De tudo, extraímos uma lição. Quem se mete a se sacrificar pela vida pública não deve perder um minuto sequer de tempo em prol do seu povo e da economia do município que gerencia, porque o mundo atual se tornou competitivamente atropelante para os que dormem no ponto. E isso, ainda que algumas pessoas acham que não temos razão, ocorreu em nosso município, e, de lá para cá no setor agrícola, infelizmente nada aconteceu, exceto o astronômico aumento da monocultura de eucaliptos, alternativa única hoje, depois do café.
Vamos aguardar os próximos desdobramentos, principalmente agora, com a eleição de um prefeito que é agricultor. Esperamos que ele inicie alguma coisa consistente logo no início do seu mandato, para que possamos ser competitivos, também, de maneiras que nutra nossas esperanças, principalmente dos sofridos agricultores de sempre.
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