sexta-feira, 26 de outubro de 2012

CONTO DE IBIRAÇU

Nos idos de uma madrugada de inverno de 1981, sob intensa chuva no interior de uma Kombi pilotada por mim absolutamente embriagado, em companhia dos também prejudicados Edi Moro, Pianca e "Vavá", fomos para o bar Sfalsin tomar a eterna saideira, sempre depois que o Chiqueirinho fechava. Pedimos uma cerveja e começamos a encher o sapato de quase todo mundo da estrada que chegava para lanchar e dos funcionários.

Conversa de bêbado ia e voltava, que acabou Edi Moro oferecendo 23 ovos cozidos que havia na estufa à "Vavá" que ele pagaria, caso comece.

"Vavá" topou na hora e mandou ver. Em menos de vinte minutos já havia comido 22 ovos. Foi quando então que Edi Moro gritou em alto e bom som que assustou até Geraldo Costa.

- "EPA! PARA AÍ! O último quem vai comer sou eu. Vou ter que pagar mesmo".

Em seguida, já puto com as brincadeiras que fazíamos em seu comércio, e meio sem jeito de mandar diretamente nós quatro bêbados sumir, então foi a vez de Geraldo  agarrar aquela chance e gritar:

- "Se vocês comerem toda rapadura que está ai debaixo do balcão eu pago e ainda dou dez mil  reais".

Rapidamente todos nós dirigimos os olhos às rapaduras. Contamos, e constatamos que haviam 76 barras  de um quilo cada, o que daria mais ou menos uma arrouba e meia para cada um.

Olhei para Edi e disse:

- "Edi, Geraldo está mandando nós embora".

Edi Moro teve coragem de ainda me perguntar:

- SERÁ?

Depois de umas três saideiras  fomos.

No dia seguinte, preocupado  com "Vavá",  que poderia ter passado mal ou sufocado com os ovos , procurei-lhe e perguntei.

- "E ai? Não passou mal Vavá"?

- Mal? Cheguei em casa onde tinha mais dois ovos fritos. Não perdi tempo".

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