Mesmo com toda as chuvas do mês de agosto e setembro, a Cascata já está praticamente seca. Suas águas são desviadas para uma causa justa. Abastecer Ibiraçu. E não há nada a fazer a curto prazo.
Tenho boas lembranças da Cascata do meu tempo de infância, quando era possível se pular de cabeça de cima das árvores e da pedra com quase quinze metros de altura na piscina natural que é o poço principal de baixo que tinha quase três metros de profundidade. Até 1978, quando eu tinha 16 anos, meu pai Jorge Pignaton era proprietário de um pedaço de terra herdado do meu avô naquela localidade, então conhecida por rio Sapateiro, onde praticamente vivíamos. Papai foi o primeiro dos onze filhos de José Pignaton[Bepe] a sair de casa para trabalhar e se tornar servidor público[soldado do Exército, fiscal de renda estadual e da secretaria da agricultura], pois, não tinha saúde para a roça, problema que evoluiu até ceifá-lo a vida em 1986 com 61 anos, mas mesmo assim foi convocado para servir o Exército no Rio de Janeiro, onde ficou dois anos e aprendeu a dirigir veículos e conhecer o comércio de limonada e outros sucos nas praias cariocas, além de trazer experiência no futebol para ser fundador e primeiro Presidente do IEC em 1959.
No retorno do Rio, abriu uma venda na localidade de Lagoinha, hoje Pedra Branca, à margem da rodovia de barro, mas estrada do governo federal. Depois casou-se com mamãe Nerzita Grazziotti em Rio da Prata, sendo ela natural de Fundão, e veio morar na avenida Cond´Eu, para onde, tempos após vieram também para a mesma casa, vovó Angelina Spnassé e o caçula Gervásio. Na mesma casa ainda papai criou os primeiros filhos de uma prole de dez, para depois se transferir para o sítio Perobas, localidade de mesmo nome. Praticamente na mesma época, antes de 1958, inaugurou o restaurante Padre Eustáquio em sociedade com as irmãs, tias Mariquinha e Izabel, respectivamente esposas de Natalino Rosalém e do saudoso tio Zé Cometti, falecido há um mês com 96 anos, os quais eram os garçons e cozinheiros do estabelecimento. Foi naquele comércio que tio Natalino aprendeu a comercializar suco natural, ideia oriunda do Rio de Janeiro. Simultaneamente meu pai se elegeu vereador por duas vezes, depois vice prefeito, tendo assumido por alguns meses como prefeito, quando abriu a estrada para a Cascata, fez a ponte de acesso e a barragem na piscina da cachoeira de baixo.
A destruição da natureza deixa feridas duradouras, quando não eternas, e o passar do tempo constrói a saudade, um dos prazeres que alimenta a nossa alma.
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