Como hoje é domingo,
e continuamos com nossa proposta de neste dia da semana entrevistar pessoas de
Ibiraçu ou da região, desta vez convidamos o senhor Jairo Augusto Barbarioli Furieri, o “Jaruca”, 64 anos, aposentado, ibiraçuense do centro da cidade, para ser o nosso colaborador.
Logo depois
de fazer 20 anos, Jairo começou a trabalhar na antiga CVRD, hoje Vale,
uma das grandes mineradoras do mundo. Foi para várias regiões que a empresa tinha
seus projetos, mas se estabeleceu definitivamente em um dos municípios da Grande
Vitória, onde mora até hoje com sua família. Mas se habituou vir a Ibiraçu, o que não deixa de fazer, no mínimo duas
vezes por mês, tanto para visitar a
mãe, dona Anita Barbarioli, como para se recordar
dos tempos de criança e adolescência.
"Jaruca" pegando água na Biquinha,
como faz desde infãncia
Ibira Sul:
Como era Ibiraçu na sua época de infância?
Jairo Augusto:
Foi sem dúvida uma das coisas mais felizes da vida. Brincávamos nas pastagens
de capim pernambuco que havia nas baixadas ladeadas do rio Perobas, na fazenda
de Aquiles Modenesi. Tomávamos banho de rio nos fundos da casa onde morava seu Celestino
Furieri e sua família, corríamos pelas ruas e estradinha de acesso a Biquinha.
Caçava preás e pássaros, que não era proibido aquela época,
atividade número um da garotada,
depois do horário da escola. Só voltamos para casa a tardinha.
Ibira Sul: Lembra-se de algum fato curioso?
Jairo Augusto: Da pila de café da família
Campagnaro, anexa a rua da Biquinha e frontal
a Cond´Eu. Dos Correios, onde hoje é a Pimacol.
Do pomar do seu João Luis, onde colhíamos jacas, abacaxis, além de
comprar ovos das galinhas que criava e
as verduras que colhia na horta que mantinha onde hoje é o campinho. Também do chafariz que ficava em frente ao campinho de vôlei, onde hoje é a garagem do IDAF.
A serraria do senhor
Odérico Modenesi e da oficina de bicicleta que havia em um casarão antigo aonde é hoje o bar do Márcio, também
são bonitas recordações, por que sempre estava nestes lugares. O morro de capim pernambuco que havia aonde hoje é o bairro Cohab era outro lugar frequentado pela criançada. Não
havia televisão e computador naquela época, e por isso pouca coisa
tínhamos para fazer, senão perambular felizes pelos recantos de Ibiraçu.
Ibira Sul: E da Biquinha daquela época, o que
se recorda?
Jairo Augusto:
A Biquinha era o lugar preferido da molecada. O curral de seu Tonico Lanschi,
onde íamos quase todos os dias. Tinha muitos passarinhos na Biquinha, como tem
hoje. Armar gaiolas com alçapão naquela época era a principal diversão.
Na frente da
fonte onde pego água até hoje, sobre um grande lajedo de pedra maciça, existia uma casa de estuque de muitas janelas,
onde morava o senhor Getúlio Ribeiro com a família, um caboclo nativo da região logo aos fundos da Biquinha que era conhecida por “Vitor”.
Parque da Biquinha - Centro de Ibiraçu
Seu Getulio
Ribeiro adorava pássaros em cativeiro. Possuía inúmeras delas penduradas e espalhadas
pelas quatro paredes da casa, sob a cobertura de zinco excessivo nas laterais que a casa tinha, e que servia, também, para proteger as gaiolas
do tempo. Ele era um típico morador ribeirinho,
ou seja, vivia na margem do córrego que
vinha da região denominada de “Vitor”[família
Pimentel], onde habitavam outros
moradores e o alimento básico daquelas pessoas era peixes
que pegavam com fartura pela pedras do rio Perobas, ou então, pelos pântanos de taboas que havia na localidade denominada de “Vitor”.
Ibira Sul:
Uma coisa que não se esquece da
Biquinha?
Jairo Augusto: Eram os refrescos de gengibre[gengibirra], que seu
Getúlio Ribeiro colocava nas
garrafinhas para vender no campo de
futebol quando havia jogos. Era uma
delícia e a meninada o seguia para comprar.
Pedra sobre a qual morava seu Getúlio,
em frente a fonte d´agua da Biquinha.
Hoje lugar totalmente protegido
Hoje lugar totalmente protegido
Ibira Sul:
E hoje, o que diz de Ibiraçu?
Jairo
Augusto: As coisas evoluíram para melhor.
Sobre o asfalto que hoje passamos, era estradas de chão batido. O progresso tem suas vantagens, naturalmente, mas o tempo que vivemos em Ibiraçu na minha infância, nos dava mais entusiasmo. A vida era
mais espontânea e feliz. Não existia as maldades de hoje.
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