sábado, 14 de abril de 2012

ENTREVISTA: JAIRO AUGUSTO BARBARIOLI FURIERI


Como hoje é domingo, e continuamos com nossa proposta de neste dia da semana entrevistar pessoas de Ibiraçu  ou da região, desta vez  convidamos  o senhor Jairo Augusto Barbarioli Furieri,  o “Jaruca”, 64 anos, aposentado,  ibiraçuense  do centro da cidade, para ser o nosso colaborador.

Logo depois de fazer 20 anos, Jairo começou a trabalhar na antiga CVRD, hoje Vale, uma das grandes mineradoras do mundo. Foi para várias regiões que a empresa tinha seus projetos, mas se estabeleceu definitivamente em um dos municípios da Grande Vitória, onde mora até hoje com sua família. Mas se habituou vir a Ibiraçu, o que não deixa de fazer, no mínimo duas vezes por mês, tanto para visitar a mãe, dona Anita Barbarioli, como para  se recordar dos tempos de criança e adolescência.

                        "Jaruca" pegando água na Biquinha,
                        como faz desde  infãncia
                                                
Ibira Sul:  Como era Ibiraçu na sua época  de infância?

Jairo Augusto:  Foi sem dúvida uma das coisas mais felizes da vida. Brincávamos nas pastagens de capim pernambuco que havia nas baixadas ladeadas do rio Perobas, na fazenda de Aquiles Modenesi. Tomávamos banho de rio nos fundos da casa onde morava seu Celestino Furieri e sua família, corríamos pelas ruas e estradinha de acesso a Biquinha. Caçava preás  e pássaros,  que não era proibido aquela  época,   atividade número um da garotada, depois do horário da escola. Só voltamos para casa a  tardinha.  

Ibira Sul: Lembra-se de algum fato curioso?

Jairo Augusto: Da pila de café da família Campagnaro,  anexa a rua da Biquinha e frontal a Cond´Eu. Dos Correios, onde hoje é a Pimacol.  Do pomar do seu João Luis, onde colhíamos jacas, abacaxis, além de comprar ovos das  galinhas que criava e as verduras  que colhia na horta que  mantinha onde hoje é o campinho.  Também do chafariz que ficava em  frente ao  campinho de vôlei, onde hoje é  a garagem do IDAF. 

A serraria do senhor Odérico Modenesi e da oficina de bicicleta que havia em um casarão  antigo aonde é hoje o bar do Márcio, também são bonitas recordações,  por que sempre estava nestes lugares. O morro  de capim pernambuco  que havia aonde hoje é o bairro Cohab era outro lugar frequentado pela criançada. Não havia televisão e computador naquela época, e  por isso pouca coisa  tínhamos para fazer, senão perambular felizes pelos  recantos de  Ibiraçu.        

Ibira Sul: E da Biquinha daquela época, o que se recorda?

Jairo Augusto:  A Biquinha era o lugar preferido da molecada. O curral de seu Tonico Lanschi, onde íamos quase todos os dias. Tinha muitos passarinhos na Biquinha, como tem hoje. Armar gaiolas com alçapão naquela época era a principal diversão.

Na frente da fonte onde pego água até hoje, sobre um grande lajedo de pedra maciça,  existia uma casa de estuque de muitas janelas, onde morava o senhor Getúlio Ribeiro com a família, um  caboclo nativo da região logo aos fundos da  Biquinha que era conhecida por “Vitor”.  

                        Parque   da Biquinha  - Centro de Ibiraçu

Seu Getulio Ribeiro adorava pássaros em cativeiro. Possuía inúmeras delas penduradas e espalhadas pelas quatro paredes da casa, sob a cobertura de zinco excessivo nas laterais que a casa tinha, e  que servia, também,  para proteger as gaiolas do tempo.  Ele era um típico morador ribeirinho, ou seja, vivia na margem do córrego que  vinha da região denominada de “Vitor”[família Pimentel], onde  habitavam outros moradores e o alimento básico daquelas pessoas era peixes que pegavam com fartura pela pedras do rio Perobas, ou então, pelos pântanos de taboas que havia na localidade denominada de “Vitor”.            

Ibira Sul:  Uma coisa que não se esquece da Biquinha?

Jairo Augusto: Eram os refrescos de gengibre[gengibirra],  que seu  Getúlio Ribeiro  colocava nas garrafinhas para  vender no campo de futebol quando havia jogos.  Era uma delícia e a meninada o seguia para comprar.  

                  Pedra sobre a qual morava seu Getúlio,
                  em frente a fonte d´agua  da Biquinha. 
                  Hoje lugar totalmente protegido

Ibira Sul:  E hoje, o que diz de  Ibiraçu?

Jairo Augusto: As coisas evoluíram para melhor. Sobre o asfalto que hoje passamos, era estradas de chão batido. O progresso tem suas vantagens,  naturalmente, mas o tempo que vivemos em Ibiraçu na  minha infância, nos dava mais entusiasmo. A vida era mais espontânea e feliz. Não  existia as maldades de hoje.

Nenhum comentário: