terça-feira, 1 de janeiro de 2013

DOGMÁTICO

Até 1891, quando o atual município de Ibiraçu foi criado e passou a se chamar Pau Gigante(antes chamava-se Peixoto Lima, nome de um governante provinciano do Espírito Santo que fez uma Assembleia Provincial em 1877 e entregou a administração da província em 1878, depois Cond´Eu, posteriormente Vila de Guaraná, conforme consta no livro original 'Memoriário' do ibiraçuense José Dauster), nossas terras, incluindo as do atual município de João Neiva, que se estende praticamente até o Rio Doce onde deságua o rio Pau Gigante,  e até a divisa com o município de Linhares, o controle administrativo e foral de todo o território que pertencia a Ibiraçu e o que atualmente pertence a Aracruz, eram exercidos na Vila de Santa Cruz, a sede de um porto no Oceano Atlântico, simbolo mais sagrado do poder no Brasil Império que havia nesta região do Estado. Posteriormente foi construído o Porto de Santana em Córrego Fundo, no início do estuário do Piraquê-Açu, Aracruz, então o ponto mais próximo e navegável da localidade onde já estava edificada a nossa cidade Ibiraçu. Pelas matas da época somente haviam transportes em lombo de burros pelas picadas, ou então de barcos pelos densos rios. Na Vila de Santa Cruz funcionava o Núcleo Regional, sede do poder provinciano, aonde também funcionava os órgãos da Justiça do Império, fato ocorrido durante vários séculos, e os cargos normalmente eram exercidos pelos fidalgos, como acredito ter sido o senhor Domício Martins da Silva, o primeiro gestor administrativo da Vila de Guaraná, um cidadão do Rio de Janeiro que criou seus vários filhos em Ibiraçu e que com eles chegaram outras pessoas como os Jardins, Pedrinha, etc.

Uma flagrante contradição da história de Ibiraçu, é não oficializarmos estes fatos, ou seja, que antes da chegada dos Imigrantes Italianos para colonizarem Ibiraçu, a quem o nosso desenvolvimento e progresso eternamente deverá agradecer, existia aonde está erguida o centro da cidade de Ibiraçu um povoado constituído de uma civilização com traços culturais extraordinários que nos levam acreditar  que tratava-se de pessoas influentes e amigas do governo Imperial com sede no Rio de janeiro, próximo do Espírito Santo. Eram típicos foreiros e fidalgos que controlavam, principalmente a partir de Santa Cruz, toda essa  região que compreende os municípios de Aracruz, João Neiva e Ibiraçu. Eles fizeram com Ibiraçu, então um lugar de cachoeiras, montanhas e matas virgens, o que o homem moderno e atual faz, por exemplo, em um lugar chamado Jalapão no Estado de Tocantins, extraordinariamente fabuloso, como  imagino que Ibiraçu era, um verdadeiro Jardim de Éden.  
 Jalapão-TO, análoga a Cachoeira das Andorinhas em Ibiraçu

O segundo flagrante contraditório de nossa história é acreditar que os imigrantes italianos, somente com quatro anos de Estada no Brasil(eles chegaram em 1877 em Vitória e Pau Gigante foi emancipado em 1891),  conquistaram o poder político e foram contemplados com um território de tamanha magnitude, ou seja, ganhariam independência  sobre uma vasta região que se estendia até o Rio Doce, mesmo falando um idioma de difícil compreensão, muitos dos quais precisaram até de interpretes nas primeiras décadas?  

Como o próprio nome diz, os Imigrantes Italianos chegaram para 'Colonizarem' nossas terras. Pois então, Colonizar  é construir 'Colônias', como até recentemente os descendentes de italianos pronunciavam as  hoje chamadas  'fazendas' ou 'propriedades', tratamento ainda comum entre moradores mais antigos e descendentes dos imigrantes italianos nos cantões do município de Ibiraçu, mais a cada dia mais  raro. As colônias ficavam nas cercanias da precária região urbana de Ibiraçu e eram habitadas pelos italianos, e o centro, então habitado por pessoas de outras origens e que com o tempo foram sedendo seus lugres e negociando  casas em muitas ocasiões com os  imigrantes.

Esperamos que quem assumir a partir de hoje a pasta da Cultura Ibiraçuense não poderá mais permitir que a nossa história seja contada  a partir de um ponto tão definido, ou seja, o ano de 1.877, como se no seu antes nada tivesse existido e tudo começou do nada. Isso acaba sendo aviltante para os descendentes daqueles moradores que ajudam a formar uma grande parte da nossa sociedade.

Por estes e outros motivos que acredito que os povos ibiraçuenses, aracruzenses e joaneivenses tem os mesmos laços político-sociais, fato que se intensificou a partir da colonização pela Imigração Italiana  nesta região, tendo a luta dos italianos se tornado o verdadeiro marco de todo nosso progresso.

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